Histórico

A Campanha do Petróleo foi uma grande mobilização de massas que, sob o slogan de “O petróleo é nosso”, reunia professores, militares, estudantes, sindicalistas e populares em torno da bandeira do monopólio estatal integral para o setor. O processo de criação da Petrobras (1951-1953) foi uma das questões mais polêmicas do segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) e o desfecho de um longo debate político-ideológico que mobilizou o Brasil por quase uma década em torno do “problema do petróleo”. Historicamente, este debate dividiu a sociedade brasileira em duas correntes: de um lado, os que defendiam a exploração do petróleo brasileiro mediante a atração de capital estrangeiro – chamados de “entreguistas”; de outro lado, os que pregavam o monopólio estatal como única alternativa aceitável para a questão – conhecidos como nacionalistas. Parte da bibliografia especializada associou o presidente Getúlio Vargas e o seu projeto da Petrobras a esta última linha, sendo a implantação do monopólio estatal do petróleo uma das principais demonstrações de seu comprometimento com o nacionalismo econômico.

Durante o período do monopólio pela Petrobras, a formação de recursos humanos para o setor petrolífero brasileiro foi exercida essencialmente pela Universidade Corporativa da Petrobras, contando com dois núcleos, sendo um no estado da Bahia e outro no do Rio de Janeiro. Ao serem aprovados nos concursos da Petrobras, todos os novos funcionários da Empresa (Engenheiros, Químicos, Biólogos, Advogados e outros) recebiam uma formação específica do setor petrolífero na Universidade Corporativa da Petrobras.

Essa política de formação de recursos humanos se estendeu de 1953 a 1977, quando ocorreu a quebra do monopólio, por força da Lei Nº 9478 de 07/08/1997, a chamada “Lei do Petróleo”. Lei esta que também criou a Agência Nacional do Petróleo – ANP1, atualmente atuando como Agência reguladora do setor de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Com a quebra do monopólio e a inserção no mercado de várias empresas petrolíferas nacionais e multinacionais, uma das constatações da ANP foi a carência de profissionais qualificados no setor de petróleo. A partir desta constatação, foi idealizado e implementado o Programa de Recursos Humanos da ANP – PRH/ANP, estabelecendo convênios com instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com recursos oriundos dos royalties do petróleo.

O PRH/ANP teve como base a inclusão, no currículo de instituições de ensino, de disciplinas de formação específicas para atender às necessidades da indústria de petróleo, gás natural e biocombustíveis. A escolha das disciplinas seguia orientação da ANP em relação a aspectos técnicos tocantes às tendências do setor regulado. De acordo com Ana Cunha, coordenadora de atividades do PRH-ANP, em 2009, “A criação de disciplinas de especialização em petróleo e gás natural, dentro dos cursos já existentes, foi o ‘pulo do gato’ do programa, porque criar novos cursos seria muito complicado” (PRH é 10!, 2009)2. Porém, os pesquisadores Sousa, Silva e Felix, (2013)3 destacam que, apesar da importância desse Programa (PRH/ANP), a oferta de grande parte dos recursos humanos especializados do setor, necessários para dotar as empresas, entidades governamentais e setoriais de capacidade operacional e estratégica, ainda dependia majoritariamente da Petrobras.

Mesmo diante de todas essas possibilidades de capacitação e, ainda, considerando os cursos de Pós-Graduação em nível de mestrado e doutorado, já existentes nessa época, a demanda por profissionais no âmbito da indústria de petróleo aumentava, em função da nova conjuntura técnica e econômica do Brasil. Perante ao exposto, vinham sendo criados cursos de graduação em Engenharia de Petróleo no país, sendo o primeiro deles na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), no estado do Rio de Janeiro, em 1994.

A idealização do curso de Engenharia de Petróleo na UFCG foi atribuída a implantação e consolidação do Programa de Recursos Humanos (PRH-25/ANP), introduzido na instituição no ano de 2000. Mediante isso, professores ligados ao PRH-25/ANP, congregando demais membros do corpo docente da UFCG devidamente capacitados no setor de petróleo, uniram-se para propor a criação e estruturação do Curso de Graduação em Engenharia de Petróleo no âmbito do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT/UFCG). Deste modo, o curso de graduação em Engenharia de Petróleo da UFCG foi criado no ano de 2008, em decorrência da adesão ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), instituído pelo Decreto Nº 6.096, de 24 de abril de 2007.

O curso de Engenharia de Petróleo foi criado na Unidade Acadêmica de Engenharia Mecânica – UAEM/CCT/UFCG, do campus Campina Grande, onde o primeiro ingresso de alunos ocorreu no ano de 2009. O curso permaneceu vinculado a UAEM/CCT até dezembro de 2016, quando, naquele ano, foi criada a Unidade Acadêmica de Engenharia de Petróleo – UAEPetro, por meio da Resolução Nº 15/2016 do Colegiado Pleno do Conselho Universitário da Universidade Federal de Campina Grande, também vinculada ao Centro de Ciências e Tecnologia da UFCG.

Assim, a oferta do Curso de Engenharia de Petróleo da UFCG veio no sentido de cooperar para formação de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho nesta área estratégica, contribuindo para impulsionar o desenvolvimento científico, tecnológico e socioeconômico local, regional e nacional, onde estes profissionais são cada vez mais imprescindíveis.

  1. Atualmente Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
  2. PRH é 10! Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP. Revista PRH-ANP é 10. 2009.
  3. Sousa, F. J. B., Silva C. F., Feliz, A. S. Capacitação de Recursos Humanos para a Indústria de Petróleo Brasileira - o Programa PRH-ANP. XV congresso Latino-Iberoamericana de gestão de tecnologia. ALTEC. 2013.